Incontinência Urinária

A incontinência urinária (IU) é uma condição onde a  perda involuntária de urina de forma regular ocasiona problemas sociais e higiênicos. Sabemos que aproximadamente 13 milhões de pessoas nos Estados Unidos sofrem desse problema,acarretando um gasto anual aproximado de 11 bilhões de dólares, sendo que 85% são mulheres devido a problemas conseqüentes ao parto e a menopausa.
Sabendo que aproximadamente 20% das queixas ginecológicas estão relacionadas à perda urinária, e que o tratamento cirúrgico apresenta recidiva em longo prazo ao redor de 30%,vem crescendo a preocupação com o tratamento clínico da IU.
Até os dias de hoje essa preocupação era quase que exclusivamente das mulheres, porém com o advento da prostatectomia radical, cirurgia que é realizada para os casos de câncer de próstata em estadio inicial, pudemos observar um número crescente de homens com IU, outras causas estão relacionadas a problemas neurológicos como doença de Parkinson e Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC).
Na mulher a perda urinária pode ser ocasionada por vários fatores, sendo os mais freqüentes a incontinência urinária de esforço e urgência miccional.
Na urgência miccional, ocorre espasmos vesicais involuntários e incontroláveis, e na incontinência de esforço ocorre perda urinária após um espirro, tosse, etc., responsável por 70% dos casos.

Sistema Urinário

 rins: filtram  os líquidos e materiais  não utilizáveis pelo sangue, formando a urina.
• ureteres: canal de tubos que ligam os rins à bexiga, onde a urina vai rapidamente para a bexiga.
• bexiga: armazena a urina. Quando vazia, constitui-se por paredes espessas e musculares. Conforme a bexiga enche, as paredes se distendem e se afinam para segurar a urina. Quando a bexiga se contrái, uma mensagem é enviada ao cérebro dizendo que é hora de esvaziar.
 esfíncter: músculo que ajuda a segurar a urina na bexiga. São dois: o interno, músculo involuntário controlado pelo cérebro; o externo, músculo que contraímos quando estamos a caminho para urinar. 
 uretra: onde a urina caminha, após a contração da bexiga.

Tipos de Incontinência

Incontinência de esforço

Ocorre escape de urina durante esforço que aumenta a pressão abdominal( tosse, espirro levantar,risada, etc.)

Causas:

• alterações anatômicas após vários partos normais
• alterações hormonais na mulher (falta de estrógeno)
• fraqueza do esfíncter urinário
• pós prostatectomia radical por câncer de próstata

Incontinência de Urgência

Incapaz de inibir a micção quando sente vontade de urinar

Causas:

• infecção urinária
• cálculos de bexiga
• tumores de bexiga
• bexiga hiperativa
• obstrução do fluxo urinário
• medicamentos (diuréticos)

Incontinência total

Perda de urina constantemente

Causas:

• pós cirurgias (bexiga, próstata,etc)
• congênitos

Incontinência por transbordamento

É uma situação em que a bexiga está totalmente cheia de urina por algum fator obstrutivo e ocorre pequenas perdas de urina pois ultrapassa o limite de contenção pelo esfíncter.

Causas:

• obstrução (câncer de próstata, ou aumento benigno da próstata, ou estenose da uretra em crianças)
• musculatura fraca da bexiga,
• alterações neurológicas
• medicamentos

Incontinência Psicogênica

Perda de urina por falta de controle decorrente de distúrbios mentais.

Causas:

• disturbios emocionais
• depressão
• demência

Incontinência mista

Quando temos mais de um fator associado, sendo muito comum nas mulheres associação entre urgência e de esôorço.

Causas:

• várias combinações

Diagnóstico

Exame Urodinâmico

O que é o Exame Urodinâmico?

Consiste em exame que avalia as pressões da bexiga e da uretra, através de sondas que são colocadas na uretra e reto para identificar as causas de uma perda urinária, uma dificuldade para urinar, infecções urinárias de repetição, etc.

Pode ser feito em adultos (homens e mulheres) e crianças (meninos e meninas) de qualquer idade.

Após a colocação das sondas é introduzido Soro fisiológico na bexiga para avaliar capacidade da bexiga e se existe contrações da bexiga involuntariamente.

Tudo é registrado em gráficos no computador para avaliarmos qual e aonde está o problema.

Qual a indicação   

• Casos em que existe dificuldade para urinar (jato fraco, dor para urinar, não consegue esvaziar totalmente a bexiga)
• Perda de urina involuntariamente, são as incontinências urinárias que podem ocorrer durante o dia ou à noite,
• Infecções urinárias de repetição

PREVENÇÃO

• Perder peso
• Não fumar
• Urinar antes de sair de casa
• Esvaziar a bexiga totalmente
• Usar roupas fácil de tirar
• Evitar bebidas e almentos que irritem a bexiga

TRATAMENTO

O tratamento da IU pode ser clínico ou cirúrgico, sendo assim, como poderemos selecionar os casos que irão se beneficiar com o tratamento clínico e quais serão os casos que com certeza irão necessitar de cirurgia? Surgem algumas perguntas:

1.  Posso escapar da cirurgia?
2.  Vou me curar definitivamente com o tratamento clínico?
3.  O tratamento escolhido é efetivo? É seguro? É duradouro? É caro?

Para podermos responder essas perguntas teremos que fazer algumas considerações. Hoje a maior preocupação é com a qualidade de vida, e as pessoas estão muito preocupadas de que maneira o tratamento escolhido vai melhorar o seu dia a dia. Sabemos que existem graus de incontinência  urinária: os mais leves, aonde as alterações anatômicas são discretas e podem apresentar uma recuperação completa com o tratamento clínico, e os mais graves onde encontramos alterações anatômicas acentuadas, podendo inclusive apresentar incompetência esfincteriana, situação em que o tratamento cirúrgico é imperativo. Os casos intermediários são os mais difíceis na decisão do tratamento adequado. O mais importante é orientar o paciente quanto às possibilidades terapêuticas, às chances de melhora, e ao risco do mal resultado. É comum encontrarmos pacientes que apresentem sintomas e exames laboratoriais que justifiquem a indicação cirúrgica, porém com o tratamento clínico a pouca melhora que apresentaram pode ser suficiente para melhorar a sua qualidade de vida e fazer com que desistam da cirurgia.

Tratamento cirúrgico da incontinência urinária

De esforço

• Aceso Vaginal   
         Kelly-Kennedy
• Acesso retropúbico
         Marshall-Marchetti-Krantz
• Acesso combinado
         Slings ( de aponeurose, mucosa vaginal, ou faixas sintéticas)

Incontinência grave ou total

Esfincter artificial

Os trabalhos que avaliam benefícios do tratamento clínico nos casos de incontinência urinária ressaltam:

1.  O resultado depende da experiência do profissional;
2.  Os riscos do tratamento cirúrgico indicado;
3.   A expectativa  do paciente.

Tratamento Clínico

O tratamento clínico pode ser com drogas orais, exercícios corporais, exercícios com cones vaginais, terapêutica comportamental e eletroestimulação. Foi observado que aproximadamente 50% dos pacientes apresentavam melhoria suficiente para que desistissem da cirurgia, e de 9 a 20 % com cura total e duradoura.
Sabemos que 20% dos pacientes submetidos à prostatectomia total vão apresentar algum tipo de incontinência urinária. Esses pacientes podem demorar até 1 ano para recuperar a continência, e com certeza o tratamento clínico personalizado poderá encurtar esse período de recuperação.
O programa de tratamento pode ser instituído como preparo para uma cirurgia programada, nos casos mais leves em que ainda não existe indicação cirúrgica, ou nos casos de uma complementação pós-operatória.

Prof.: Dr Júlio José Máximo de Carvalho – Telefone: (11) 3832-0505